Um vazio é um vazio, mas se ele pudesse seria coletivo?

As vezes me pergunto em que mundo vivo, tudo parece tão as avessas, os dias não são mais leves, sempre foi assim? Todo abrir de olhos é como se estivesse a deriva numa imensidão azul. No meio do nada. Sem som. Sem voz. Com meu olhar para cima, onde o sol brilha ardente. E nada mais toca. Sozinha. A solidão não parecia algo tão comum antigamente. A solidão nunca pareceu tão avassaladora como me parece agora. Se não fosse aquele sorriso, o sorriso inocente que me salva todos os dias, não sei se meus sonhos de um futuro mais coletivo conseguiria me salvar do vazio. Do meu vazio.

Todos temos ele não é mesmo?

Por mim parece que nos últimos anos esse vazio ganhou vastidão dentro de mim, parece que todos através das telas estão acompanhados, felizes, animados. Mas sempre me pego consciente de que nada é real. O vazio é coletivo não importa onde se vá. Eu vejo o vazio de cada micro mundo crescer quando aprofundo uma conversa com o outro. O mesmo vazio que carrego aqui dentro parece ter um novo corpo, uma nova morada. Para ser sincera... mais uma morada.

Eu queria que esse vazio voltasse a sua pequenez. Ou que ele fosse tão grande a ponto de se juntar a outros vazios para que o vazio também tivesse companhia. 

É tão complicado entender mesmo quem somos e qual é nossa relevância sobre existir? As vezes me pergunto se estou vivendo aqui ou se aqui é um sonho e meus sonhos esquisitos são realidades. Sempre concluo que tudo parece muito improvável. Acho que agora entendo porque algumas pessoas se arriscam tanto. Acho que agora entendo algumas atitudes minhas. Porque me envolver com certas pessoas? Porque agir dessa ou daquela forma? Porque ser imprudente? Porque ser persistente? Porque ter tanta ambição em ser perfeita?

Queria uma perspectiva mais otimista para que o meu sorriso favorito pudesse continuar brilhando sem receios, mas a verdade é que esse brilho não depende de mim. Eu tive o meu, eu perdi o meu. Eu agradei as pessoas a minha volta e desagradei algumas. Acho que no fim só me resta acreditar que o brilho é uma explosão estelar, nasce, morre, nasce de novo e que cada um é responsável pelo seu. Acho que no fim de todas essas palavras, sinto que cabe a mim tentar encontrar o nascimento de uma nova eu. Sem tanta pressão aqui dentro. Menos densa.

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